Monday, July 28, 2008

Yasmina

Esta manhã conheci Yasmina. Uma menina com três meses de idade, cara de anúncio Cerelac e sem vontade de sorrir.
Vinha ao colo do pai, um jovem emigrante de leste, ainda imberbe. Parecia irmão dela. E cioso da preciosidade que embalava, ao contrário da bebé, vinha de rosto aberto. Mostrava uma expressão cheia de vaidade, ternura e dentes estragados. Não parava de brincar com Yasmina. Sempre na expectativa de abrir um sorriso naquela boquinha fechada. Mas não foi bem sucedido. Pelo menos no tempo em que os observei.
Cheguei a sentir-me inquieta. Tudo divergia nestes dois seres. O ar gaiato no rosto do jovem que mal teve tempo de ser criança. Os lábios hirtos da menina que ainda só devia ter razões para sorrir.
A beleza imaculada no rostinho rosado de porcelana dela. O semblante enxovalhado dele. E as mãos típicas de quem conhece a dureza do trabalho. Sujas, maltratadas e grosseiras.
O contraste era grotesco.