Thursday, October 30, 2014



Não se pode dizer que o amor dos dois vá de vento em popa. Nem sei porque me ocorre esta expressão que para além de obsoleta é desajustada. Sobretudo para falar de amor. Como se alguma vez o amor saísse de mãos dadas com um lugar comum qualquer. Enfim… Apenas uma nota introdutória para dizer que as coisas já não são o que eram entre a Maria do Mar e o Miguel. Estão, sobretudo, menos disponíveis um para o outro. O espalhafato da vida não perdoa nem condescende. Ela, a concluir a pós-graduação em biologia marinha, a par das funções de consultora no oceanário. Ele, a concluir a primeira exposição individual de escultura, a par da gestão da galeria. O tempo que sobra é escasso para o amor. E outras trivialidades emocionais.

Tuesday, October 28, 2014


O tempo segue em passadas galopantes. ‘De repente, não mais que de repente’, como diz o poeta, Maria do Mar está na capital há três anos.
Ainda ontem, era menina e moça. Tal como Lisboa. Hoje é mulher. Tal como Lisboa. Cresceram juntas. Uma a descobrir. Outra a revelar-se. O fado, a luz das manhãs e das tardes, o Tejo, o cheiro das vielas, a sardinha assada, a solidão, a mistura de gentes, o Bairro Alto, o frenesim da cidade, a saudade.
A gaiata de outrora já pouco guarda do que trazia. O horizonte é outro. Ou talvez o mesmo mas visto de outros ângulos. Por outros olhos. Que são os mesmos, mas vêem diferente.
Também o amor muda de configuração. Uns sonhos despertam para o quotidiano. Outros mostram-se sem fundamento. Apenas alguns, poucos, sobrevivem.