Thursday, July 23, 2015


Por agora, o importante é sentir. Maria do Mar sabe que para ser feliz precisa de abrir mão das expectativas. Essas cabras manhosas. Sabe, mais do que nunca, que cada dia é um dia. E pouco vale o dia anterior. E menos ainda o que se segue.
Torna-se multipolar, sendo tantas pessoas ao mesmo tempo. Menina. Mulher. Puta. Recatada. Misteriosa. Livro aberto. 
Vive assim semanas e semanas de vida desprendida. Sem prestar contas a quem quer que seja. Nem a ela própria. Porque de momento o mais que pode fazer é sentir. E deixar fluir sem contornos nem embaraços. Deixar fluir como se o tempo não acabasse. Deixar fluir. Sem permitir que a dor exista.

Tuesday, July 14, 2015




“Tenha cuidado com a tristeza, é um vício.” Flaubert tem razão. Maria do Mar sabe que é assim. E segue a vida sem os nós do passado. A não ser uma ou outra memória sorrateira. Foi breve o período de luto. Doído. Confuso. Ensopado de lágrimas. Indagado. Mas breve.
Um dia, sem pré-aviso, sai do casulo. Como a borboleta. E dá o ar da sua graça. Mais desajeitada do que graciosa. Sem saber em que flores poisar. Em pleno estado de alucinação, esvoaça por entre umas e outras. O importante é perceber que sabe voar. 
E percebe.