Londres, Paris, Roma…
Indecisa, escolhe Porto Santo para o retiro. Antes, mata
saudades da família na Madeira. Porque as saudades também se matam. Embora insistam ressuscitar.
Chega à ilha dourada sem qualquer programa. Apenas a semana
de estadia e dois ou três livros para ler. Fica num quatro estrelas simpático mesmo
em cima da praia. De manhã, logo cedo, segue o ritual dos passeios. Vai do cais
à Calheta e volta, sempre à beira mar. De pés descalços, entrega-se ao salpicar
das ondas, deixando pequenos decalques na areia. Aqui e ali apanha conchas e
pedrinhas, para as devolver mais à frente.
Em comunhão com a natureza, tudo se torna mais simples. Lembra-se
de quando era criança e feliz. Com tão pouco (ou tão muito, como agora tem a
certeza). A respiração fica tranquila. Os pensamentos, claros. Os sentimentos,
leves. E, com a benção do mar, volta a sentir uma alegria sem tamanho.