É o primeiro sobressalto na
história deste amor tão acabado de começar. Outros sobressaltos virão. Uns
menos doces. Uns mais amargos. Porque o coração da mulher não está preparado
para amar. Sempre que ama desassossega. E só aquieta quando o amor prescreve. É
assim desde sempre. Não há nada a fazer. Apenas almofadar um ou outro impacto.
Maria do Mar ainda não sabe que é assim. Não viveu o bastante para saber.
Saberá a seu tempo. Daqui a muitos sobressaltos.
Voltaram à sala de jantar.
Ele, como se nada tivesse acontecido. Ela, envergonhada, a esforçar-se por isso. Sentam-se e pegam ao mesmo tempo no copo. Uma coreografia
espontânea. Miguel propõe um brinde. Ao amor, claro. De olhos nos olhos. Apregoam os supersticiosos que se assim não for são sete anos de mau sexo. E ninguém
merece. Menos ainda estes dois que mal o desfrutaram.
Segue-se a sobremesa.
Ele dirige-se à cozinha. Ela fica onde está. A saborear o vinho e a música. E o calor
suave do amor, que só os poetas sabem escrever.
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