É hora de cortar o cordão
umbilical e partir ao arrepio das emoções. É hora de confrontar o chamado “custo
de oportunidade”. É hora de dizer “até um dia destes” à mãe, ao pai e aos manos. É
hora de deixar para trás a terra, o mar, o sabor a peixe frito e o arco-íris
mais bonito do mundo. Maria do Mar está triste. Tão triste e perdida quanto
feliz e expectante. Tanto quanto é possível balançar entre dois estados de alma tão opostos.
É preciso largar o passado
para abraçar o futuro. Mesmo que, na transição, o presente doa. E dói quase
sempre muito. No aeroporto, a filha do meio de Joaquim e Maria do Amparo sente-se dormente. Quase ausente. Como se fosse outra pessoa a partir. Como se não passasse de uma
observadora desta despedida. Assim se defende da dor que tem.
E chega o momento do adeus.
Dos beijos e abraços apertados. Das recomendações e votos de boa viagem. Das
saudades loucas que já se sentem. Das certezas feitas dúvidas. E da coragem
feita medo. É tanta a emoção num tempo tão pequeno… A xavelha não consegue evitar
as lágrimas, que lhe caem obesas e atarantadas pelo rosto fora.
De repente, tudo é
assustador. A aventura de partir. A primeira viagem de avião. A despedida da
família. Até a serenidade do Miguel.
Que se despede da mãe com dois beijos e um “até já”.
2 comments:
Já pus a leitura em dia..Como me ajudaste com este bocadinho da historia..Por isso de vez em quando venho aqui,venho buscar alento ás coisas que tu escreves..Venho buscar alento ás tuas palavras ..
Fico muito feliz, Ana. É também nas tuas palavras que encontro alento para continuar a escrever esta história.. Estou tão grata por estares desse lado! Beijinhos
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