A metade que faz de mim um todo
Abençoada. É assim que me sinto hoje. Sempre evitei exprimir com as letras todas os meus estados de alma. Tanto de alegria como de tristeza. Por pudor. Mas também porque aprendi que assim devia ser.
Sempre ouvi: “Não fales da tua dor porque há sempre alguém que se vangloria.” Ou: “Não abras a tua felicidade porque desperta inveja e maus sentimentos.”
Confesso que estes dogmas me acompanham desde que me entendo como ser que sente e pensa. E determinam, de certa maneira, a minha forma de estar. Mas acho que já é tempo de os mandar dar uma volta. Nem que seja por um bocadinho. De vez em quando.
Se estou feliz, que mal tem em gritar ao mundo? O propósito não é afrontar ninguém. É mais o de acender uma luzinha nos corações dos que me ouvem...
E hoje apetece-me dizer com toda a sonoridade. SINTO-ME ABENÇOADA. ENCONTREI A METADE QUE FAZ DE MIM UM TODO.
Thursday, December 28, 2006
Thursday, December 14, 2006
Falta um grande chocolate na minha vida
Estou tão triste que não consigo segurar as lágrimas nos olhos. Escorrem-me, galopantes, pelo rosto. Salgadas. Quentes. Corrosivas. Ferem-me sem dó a pele sensível. Mas, à medida que brotam, a dor que mal seguro torna-se menos doída. Ainda assim, mantém-se no limiar do suportável. Ou seja, quase a resvalar para o desespero.
Tudo isto porque sou pateticamente sentimental. Sou, de resto, como todas as mulheres (e homens) que sofrem de amor. Da falta dele, melhor dizendo. Corro desenfreada atrás daquilo que teima em fugir. E recuso aceitar o curso natural das coisas. Recuso admitir que as emoções são efémeras. E que estar só não é necessariamente mau. E não é mesmo. Pode até ser gratificante. Sobretudo, pelo espaço gigantesco que inaugura nas nossas vidas. Espaço de ócio e lazer. Estou farta de saber que assim é. Mas, na verdade, comporto-me como se não soubesse. Talvez a auto-comiseração seja o único estádio que me é permitido experimentar no momento. Prefiro acreditar que não. Mas, entretanto, nada tenho feito para contrariar esta inércia. E deixo-me estar cheia de pena.
Tanta pena que me esqueço de tirar proveito da coisa boa que é ser senhora de mim o tempo todo. E comer todos os chocolates que a alma pede sem temer que as ancas cresçam. E jantar uma sandes simplesmente porque me apetece ou estou sem vontade de cozinhar. E descurar a depilação sem me sentir o lobisomen ou recear que me franzam o sobrolho em sinal de protesto. E ser dona do comando da televisão para ver os disparates que entender sem negociar nem deixar ninguém amuado. E deitar-me à hora que quiser sem que uma voz (por vezes impertinente) me chame para a cama. E flirtar em todas as festas e encontros sociais sem que a culpa tome conta de mim. E não ter de esclarecer mal entendidos quase todos os dias a fim de acalmar as susceptibilidades do outro. E vestir pijaminhas quando o frio chega sem querer saber se é ou não um verdadeiro anti-tusa.
E tantos outros pequenos e grandes confortos aguardam que os desfrute. É o que vou fazer. Assim que conseguir apaziguar as feridas do meu amor próprio. Para já, vou comprar um grande chocolate e comê-lo todo sozinha. Até sentir a garganta a arder. E o coração encher-se de doçura.
Estou tão triste que não consigo segurar as lágrimas nos olhos. Escorrem-me, galopantes, pelo rosto. Salgadas. Quentes. Corrosivas. Ferem-me sem dó a pele sensível. Mas, à medida que brotam, a dor que mal seguro torna-se menos doída. Ainda assim, mantém-se no limiar do suportável. Ou seja, quase a resvalar para o desespero.
Tudo isto porque sou pateticamente sentimental. Sou, de resto, como todas as mulheres (e homens) que sofrem de amor. Da falta dele, melhor dizendo. Corro desenfreada atrás daquilo que teima em fugir. E recuso aceitar o curso natural das coisas. Recuso admitir que as emoções são efémeras. E que estar só não é necessariamente mau. E não é mesmo. Pode até ser gratificante. Sobretudo, pelo espaço gigantesco que inaugura nas nossas vidas. Espaço de ócio e lazer. Estou farta de saber que assim é. Mas, na verdade, comporto-me como se não soubesse. Talvez a auto-comiseração seja o único estádio que me é permitido experimentar no momento. Prefiro acreditar que não. Mas, entretanto, nada tenho feito para contrariar esta inércia. E deixo-me estar cheia de pena.
Tanta pena que me esqueço de tirar proveito da coisa boa que é ser senhora de mim o tempo todo. E comer todos os chocolates que a alma pede sem temer que as ancas cresçam. E jantar uma sandes simplesmente porque me apetece ou estou sem vontade de cozinhar. E descurar a depilação sem me sentir o lobisomen ou recear que me franzam o sobrolho em sinal de protesto. E ser dona do comando da televisão para ver os disparates que entender sem negociar nem deixar ninguém amuado. E deitar-me à hora que quiser sem que uma voz (por vezes impertinente) me chame para a cama. E flirtar em todas as festas e encontros sociais sem que a culpa tome conta de mim. E não ter de esclarecer mal entendidos quase todos os dias a fim de acalmar as susceptibilidades do outro. E vestir pijaminhas quando o frio chega sem querer saber se é ou não um verdadeiro anti-tusa.
E tantos outros pequenos e grandes confortos aguardam que os desfrute. É o que vou fazer. Assim que conseguir apaziguar as feridas do meu amor próprio. Para já, vou comprar um grande chocolate e comê-lo todo sozinha. Até sentir a garganta a arder. E o coração encher-se de doçura.
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