Wednesday, March 31, 2010

Com que idade deixamos de chamar velhos aos velhos?

Que puta de idade! Que terramoto interior! A partir de agora já nada é como dantes. E nem venha o Paco embandeirar em arco com a ternura dos 40. Quando a imortalidade cai de quatro e começamos a dar de caras com besta da morte, tudo muda. É um duro revés. Não sei se é coincidência ou não, mas a insónia passou a ser companhia assídua das minhas noites. De repente, a cama tornou-se um berço de desespero. Durmo apenas nos intervalos do flashback (involuntário) à minha vida. As ideias afluem com tal desalinho e violência que um dia destes perco o juizo. A sério! Não está fácil abrir mão da condição de menina e moça…

Tuesday, March 30, 2010

Passou a noite em claro. Que é como quem diz, em sobressalto. A pensar em mil formas de dizer-lhe “não vás, fica”. Não disse. Percebeu, então, que o amor não se apropria. Que o amor diz “vai, se é essa a tua vontade”. O amor é como areia fina na mão de alguém. Quanto mais se aperta, mais ela se evade por entre os dedos.

Thursday, March 25, 2010

Não estou alegre nem triste. Apenas pensativa. Para não variar. Acho que penso e avalio demais… Estou a retrospectivar as palavras que me disseste. Doeu como o caraças. Porque dói sempre ser repreendida. Dói mais quando a repreensão é maior do que a falta. E mais ainda quando arrasta faltas do passado. E outras tantas que não nos pertencem. Acho que foi o que aconteceu…

Wednesday, March 24, 2010

Vivo apaixonada. Amo e sou amada. Mas não tenho ilusões. Esta coisa do amor, de tão efémera, precisa de ser cuidada com circunstância. Não se pode amar apenas com o coração. Erro crassíssimo. É o caminho mais curto para o desamor. O segredo é racionalizar. Sempre. Estar dois passos à frente da emoção. Não deixar que ela nos cegue. E dar atenção aos sinais. Em especial aos indícios de que as coisas já não são como eram. Que o tom de voz é outro. Que as borboletas deixaram de esvoaçar nas nossas barrigas. Que o torpor está a descorar. Que a paciência tem índices próximos do limite.
Não acredito no amor eterno. Não acredito no amor romântico e idílico. Acredito sim no amor que se renova. A cada dia que passa. A cada gesto que acontece. A cada diálogo que se invente. A cada foda que se dê. E amar só faz sentido com tesão. O desejo é um dado quase adquirido nos dois primeiros anos de convivência. Mas é também uma excepção daí para a frente. A não ser que a líbido seja ateada. Dia após dia. Não nos podemos deitar à sombra do destino. Fiquei grata pela descoberta.
É comum julgar que connosco é diferente. Mas por que raios haveria de ser? Na minha experiência de ser apaixonado - e muitas vezes defraudado - garanto-vos: sem renovação não há paixão. Não há amor que nos valha. E renovação pode ser um novo look, uma expêriencia erótica mais ousada, uma operação estética, um caso extra-conjugal, uma viagem ou mil outras coisas.

Tuesday, March 23, 2010

Hoje é o primeiro dia do resto deste texto. Não sei bem o que vai sair daqui… Para dizer a verdade, não quero saber. Gosto de escrever sem balizas. Por dois motivos: o primeiro e mais importante, é o prazer imediato de registar o que sinto sem trair o meu sentido estético. O segundo, e perdoem-me a petulância, é que pode até ser que estas baboseiras venham a encontrar eco desse lado.
Hoje está um dia taciturno. Chove e a noite chegou com mais pressa do que é costume. O dia ideal para focar-me no intento de escrever. Até agora, ainda não disse nada de novo. Apenas justifico. Uma tendência minha, aliás: justificar, contextualizar, entender… Sou tão Calimero que mete dó. Como se tudo tivesse que ter um enquadramento lógico, legal ou moral. Super irritante. É uma especie de censor que me faz sentir culpa very often. Não gosto disto. Se esta nuvem não me perseguisse seria mais feliz. Costumo dizer que a puta da educação me persegue. E castra. Enfim… Vivo em constante dualidade: entre o que faço e o que me apetece fazer. Sinto que está na hora de implodir muralhas. Tenho quarenta anos. Não conto viver outros quarenta. E quero abraçar os próximos quinze com intensidade. Sem culpa. Sou curiosa e adepta fervorosa de novos desafios. Apetece-me ousar...