Wednesday, March 24, 2010

Vivo apaixonada. Amo e sou amada. Mas não tenho ilusões. Esta coisa do amor, de tão efémera, precisa de ser cuidada com circunstância. Não se pode amar apenas com o coração. Erro crassíssimo. É o caminho mais curto para o desamor. O segredo é racionalizar. Sempre. Estar dois passos à frente da emoção. Não deixar que ela nos cegue. E dar atenção aos sinais. Em especial aos indícios de que as coisas já não são como eram. Que o tom de voz é outro. Que as borboletas deixaram de esvoaçar nas nossas barrigas. Que o torpor está a descorar. Que a paciência tem índices próximos do limite.
Não acredito no amor eterno. Não acredito no amor romântico e idílico. Acredito sim no amor que se renova. A cada dia que passa. A cada gesto que acontece. A cada diálogo que se invente. A cada foda que se dê. E amar só faz sentido com tesão. O desejo é um dado quase adquirido nos dois primeiros anos de convivência. Mas é também uma excepção daí para a frente. A não ser que a líbido seja ateada. Dia após dia. Não nos podemos deitar à sombra do destino. Fiquei grata pela descoberta.
É comum julgar que connosco é diferente. Mas por que raios haveria de ser? Na minha experiência de ser apaixonado - e muitas vezes defraudado - garanto-vos: sem renovação não há paixão. Não há amor que nos valha. E renovação pode ser um novo look, uma expêriencia erótica mais ousada, uma operação estética, um caso extra-conjugal, uma viagem ou mil outras coisas.

4 comments:

Unknown said...

... Muito bom.


Como tem que se entender isto ;)

Eu!

Ana Marinho said...

Gostei bastante :) Muito mesmo

Anonymous said...

Grande verdade.....crua e dura!!

Ticha

Sílvia Reis said...

Gostei tanto deste texto, uma descrição soberba do amor/desamor...
Frase decisiva e a reter: "sem renovação não há paixão, não há amor que nos valha"
Muito Bom Graça :)