Sunday, March 04, 2012



Alguns beijos depois é dia dos namorados. O primeiro dos dois. Com a paixão em carne viva, nem um nem outro resiste ao clichet da data. Logo pela manhã, Maria do Mar recebe um ramo de rosas vermelhas. São catorze. Uma por cada dia juntos. Como explica o poema que as acompanha por entre corações estilizados. Ou não fosse o Miguel artista plástico. Ela derrete. Lê e relê com o sorriso pateta de quem rebenta pelas costuras de tanta paixão.
Corre a comparar o postal que tem para ele, insegura. “És o Sol do meu quintal.” Dedicara-lhe esta frase. Fazia todo o sentido quando a escreveu. Agora acha-a ridícula. A paixão inebria e torna poetas os amantes. Ainda que por breves momentos. O que lhe parecera harmonioso, parece-lhe agora um atentado. A constatação fá-la balançar. Talvez outro postal com outra frase… Um simples “amo-te” é uma possibilidade. Pode não ser tão poético mas é mais seguro. A lucidez é tramada. Vem sempre de braço dado com o medo do ridículo. E este foge da ousadia como o diabo da cruz.
O que é feito da impertinência da xavelha de Câmara de Lobos? A recear a frase por parecer escassa de poesia? Ou cheia de amor? Após intensa dialética, Maria do Mar decide. “És o Sol do meu quintal.” é definitivamente a declaração. Sem tirar nem pôr. 

2 comments:

Unknown said...

excelentes textos <3

http://nini-flicka.blogspot.pt/

gracices said...

Que retorno tão bom! Obrigada, Nini. Beijinho