Monday, July 24, 2006

Somos mais felizes quanto mais “tolos” somos. Os problemas surgem quando temos noção do que se passa. Da maldade, do ridículo, da mentira, do escárnio, da deslealdade... Enfim, de tudo o que nos impede de sermos realmente felizes. Sem essa consciência, tudo é lindo. Tudo é fácil.
Conheci uma triste menina alegre, a Joana. Tal é a suplece com que encara tudo o que faz, costumam chamá-la de “Joana no País das Maravilhas”. Vive como se nada fosse consequência de nada. Ou melhor, sem a menor preocupação com o “devir” dos actos. Seus e das pessoas que a envolvem. Fala, ama, faz sexo e usa aditivos com a mesma leveza que respira. E segue a vida numa vertigem quase insana. Apenas a galope dos seus caprichos. Sem quaisquer filtros. Sem moral. E, por vezes, até sem respeito pelos códigos sociais.
Tão parecida comigo quando tinha dezoito anos. Tão diferente de mim agora, com trinta e sete e talvez um pouco menos feliz.
Não quero voltar a ser como a Joana, pateticamente encantada com a vida. Não pretendo alhear-me do mundo para poder viver nele. Não me apetece fazer essa regressão. O caminho faz-se caminhando. Para a frente. Ou noutra direcção qualquer. Mas nunca para trás.
A minha vontade é conciliar-me comigo. Espiritualmente. E, tal como o Siddartha de Herman Hess, encontrar um santuário dentro de mim. Um refúgio “abençoado” para recolher-me sempre que a vontade quiser. E a alma precisar. Só assim vou encontrar a via da serenidade. Quase não tenho dúvidas. Vou ser mais feliz quanto menos “tola” for.

1 comment:

Anonymous said...

Gostava um dia de comprar um livro teu onde pudesse entrar no mundo romanciado da Joana onde a história nasce apartir deste ponto: "Tão diferente de mim agora, com trinta e sete anos e talvez um pouco menos feliz.".
Pensa nisso...