Monday, July 28, 2008

Yasmina

Esta manhã conheci Yasmina. Uma menina com três meses de idade, cara de anúncio Cerelac e sem vontade de sorrir.
Vinha ao colo do pai, um jovem emigrante de leste, ainda imberbe. Parecia irmão dela. E cioso da preciosidade que embalava, ao contrário da bebé, vinha de rosto aberto. Mostrava uma expressão cheia de vaidade, ternura e dentes estragados. Não parava de brincar com Yasmina. Sempre na expectativa de abrir um sorriso naquela boquinha fechada. Mas não foi bem sucedido. Pelo menos no tempo em que os observei.
Cheguei a sentir-me inquieta. Tudo divergia nestes dois seres. O ar gaiato no rosto do jovem que mal teve tempo de ser criança. Os lábios hirtos da menina que ainda só devia ter razões para sorrir.
A beleza imaculada no rostinho rosado de porcelana dela. O semblante enxovalhado dele. E as mãos típicas de quem conhece a dureza do trabalho. Sujas, maltratadas e grosseiras.
O contraste era grotesco.

2 comments:

Unknown said...

Graça, como vais? desculpa só agora te contactar. recebi já há muito a tua mensagem com o blog. O tempo vai passando, sabes como é. Gostei de te ver naquele dia na Baixa. Foi uma surpresa. Como vai a tua vida? Mesmo emprego, mesmo namo? Estás a dar-te bem em Lisboa? Eu já tenho dois filhos, o Rodrigo com 4 e a Victória com 15 meses. São lindos. Sou mais uma mãe babada. Vou trabalhando conforme vão surgindo oportunidades. Vai dando notícias. Escreve, telefona, como te der mais jeito. Bjis. Pat.

Unknown said...

Os contrastes são por vezes demasiado acentuados, demasiado fortes.
A sensibilidade pode ferir-se com essas diferentes tonalidades de vivencias que teimam em roubar a beleza pura de quem ainda pouco ou nada conheceu.

Beijos
o teu pedro