Sunday, December 18, 2011

Esperar por notícias em casa não faz o feitio de Maria do Mar. Em casa, o tempo cresce exponencial. Os segundos parecem minutos. Os minutos parecem horas. Vai até o cais, está decidido. Sem apelo nem agravo. E leva a mãe pelo braço. Mais que não seja, para a sacudir daquela angústia sem tamanho de tão grande que é. Afinal, quem são os senhores dos bombeiros, da marinha ou da força aérea para determinarem que a família espera por notícias em casa? Onde já se viu uma coisas destas? Afinal, trata-se do pai dela, das manas e dos manos dela. E do marido da mãe deles. Nem pensar que as duas ficam em casa!
Já quase no fim da rua, a voz de Eugénia troca-lhes as voltas. A gesticular bastante agitada, grita a plenos pulmões: “O pai está vivo, mãe. Acabaram de ligar, mãe. O pai está vivo. Estão todos salvos…” As duas invertem a marcha alvoraçadas. Com as lágrimas a correrem-lhes pelos rostos. Com o coração a pular-lhes no peito. Com o chão a fugir-lhes dos pés, teimosamente.  Tal a urgência de chegarem. Tal a urgência de saberem mais sobre o que aconteceu. Tal a urgência de estarem todos juntos à espera dos que faltam. Tal a vontade de fazerem um bolo para celebrar. O de chocolate, o preferido do “garanhão”. Afinal, ele é um herói. E está de volta à vida deles.

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