Monday, June 26, 2006

Há pessoas que brilham

Em conversa trivial com uma amiga, descobri que partilhamos do mesmo conceito estético em relação à natureza humana. Para nós, as pessoas não são bonitas ou feias. As pessoas são plenas ou vazias de interesse. As pessoas brilham ou são simplesmente baças. É sobretudo a capacidade de brilhar – mais ou menos - que define a nossa tabela de classificação.
Para nós, mais importante que ter feições perfeitas é emanar luz e alegria. Dentro desta linha de raciocínio, conheço muitas pessoas especiais. Algumas mesmo no topo da escala. É o caso do meu namorado (perdoem a falta de objectividade e isenção). É por isso que o amo tanto. Porque o brilho dele é intenso. O brilho dele perpetua o meu. O brilho dele ofusca as coisas menos boas que se atravessam na nossa vida. O brilho dele faz-me brilhar.
Apaixonei-me perdidamente. Foi na sequência de uma gargalhada provocada por ele. A sério. Naquele momento tive a certeza: “ele é lindo!”.
Já diz Vinicius: “É melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração.” A química assentou, sobretudo, na coincidência do nosso sentido de humor.
Passou algum tempo, desde então... Hoje, a química extrapola o feliz encontro das nossas risadas. Até porque não só de boa disposição se fazem as relações. E os dias. Também se fazem de desentendimento, sexo, carinho, diálogo, saudade, lágrimas e muitas outras contradições emotivas.
Voltando ao brilho do meu namorado, há inevitavelmente uma questão que surge. Inquieta-me, por vezes. E se um dia acordo e o descubro baço? Tudo pode acontecer... O importante é que hoje ele irradia luz. Intensa, descomunal, fértil. E desperta em mim sentidos adormecidos. E faz-me desafiar a vida todos os dias.

Esta é a crónica que não se escreve. O exemplo a não seguir... Um verdadeiro atentado. Ao pudor e às directrizes jornalísticas. É também uma declaração de amor que tenho vindo a adiar. Apeteceu-me partilhá-la. Apeteceu-me, simplesmente. Se é vulgar escrever sobre pessoas que mal conhecemos porque não fazê-lo sobre as que nos são queridas? Quando escrevo deixo-me apenas reger pela minha “regra” de eleição: abdicar das regras instituídas...

1 comment:

Anonymous said...

Ele deve ser mesmo muito brilhante para merecer tal ousadia!!!
Beijinhos!