Monday, October 24, 2011


     Os três rapazes mais velhos já trabalham. Um deles, ainda menor, acompanha o pai na azáfama da pesca. Os outros estão nas obras. No fim do mês contribuem para as contas da casa consoante a percentagem calculada pelo chefe de família. Ainda lhes sobra para os charros. Por aquelas bandas é corriqueiro. Os mais velhos dão no tinto e na aguardente, os mais novos optam pelo chamon. Cada um com a sua moca. Sem interferências de parte a parte. Há conhecimento tácito do assunto mas pouca ou nenhuma verbalização. O problema é quando o haxixe é trampolim para parvoíces mais sérias. São  muitos os jovens da vila a cair que nem tordos na tentação da heroína. Porque a ignorância se mascara de coragem e, depois, é tarde para voltar atrás.
      Felizmente “os garanhinhos” - filhos do garanhão - estão fora do circuito da pesada. Mais por vaidade do que por outro motivo. Não querem arriscar um corpo mirrado. Preferem frequentar o ginásio de improviso na garagem do vizinho e ver crescer o tronco a cada semana que passa. Os pesos e as barras de ferro são garante do sucesso com as miúdas das redondezas. A escolha é estética, não ética. Pouco importa a motivação desde que os mantenha longe do mau caminho.


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