Friday, November 04, 2011


      No beco do António, nem sombra dele. “Que coisa! Onde é que se meteu o gajo?”, indaga a pequena já bastante arreliada. De volta ao centro da vila, passa pela praia de novo. Nada dele. Contorna o orgulho e pergunta aos amigos que encolhem os ombros. Desconhecem também o seu paradeiro. De repente, é como se tudo conspirasse contra ela e o amor que lhe cresce a galope no peito.  Não entende onde “diacho” se meteu Khadafi. Por coincidência ou não,  ontem à noite viu na televisão o homónino dele, o verdadeiro por sinal, morto com um tiro na cabeça. Passaram a imagem do ditador vezes sem conta. “Coitado…” conclui, impressionada com tamanha bandeira de desgraça. Apesar de ignorar o contexto político. O pensamento traz-lhe arrepios de mau pressentimento e só lhe apetece chorar.
      Já de regresso a casa, muda de ideias e inverte a marcha. Vai outra vez para as bandas do “russo” lindo. Não sossega enquanto não souber dele. No caminho convence-se de coragem para bater-lhe à porta. Tem vergonha mas não aguenta  prolongar esta inquietação desatinada. De repente são tantas  as emoções que perde o controlo da coisa. Está mais frágil do que alguma vez. Isso irrita-a bastante. Até hoje de manhã era livre. Livre. Livre.

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