Tuesday, November 08, 2011


      Para sempre não será certamente. O primeiro amor nunca é para sempre. Jamais se esquece. Mas não é para  sempre. Circunstância a que Maria do Mar e António estão alheios. Para eles, o amor é eterno. Ponto final. E ai de quem disser o contrário. O namoro segue de pedra e cal. A paixão expande a cada dia que amanhece. Deixa de haver espaço para o mundo à volta. Os dois bastam-se. Ora no sítio dela. Ora no sítio dele. Com a benção das famílias. E alguma vigilância. Faz parte. Passam as manhãs e as tardes juntos. Só não passam as noites porque não estão autorizados. Somam-se os planos de futuro, as cenas de ciúme, os amúos, as pazes, a vontade de se descobrirem sexualmente. Uma pequena ousadia aqui, outra ali e não mais do que isso por falta de ocasião. Que não faz só o ladrão. Faz também os amantes. Sempre com gente por perto, os dois não têm remédio senão refrear os ímpetos. Até que a oportunidade lhes bata à porta. Kadhafi, o mais desesperado, conta tornear o assunto em breve. O irmão tem consulta de oftamologia no Funchal e vai com a mãe. A irmã trabalha das nove às cinco e o pai há anos que deixou de dar sinais de vida.
      Saíu um dia sem adeus nem até logo. Não voltou mais. Não se sabe ao certo o que aconteceu. Fala-se que terá caído ao mar tais os pifos que apanhava. Fala-se que teria uma amante e com ela emigrou. Fala-se que o terão morto num ajuste de contas. Os rumores por estas bandas são pródigos. Certo, certo é que não voltou. Deixou a mulher com três filhos nos braços e à mercê do rendimento mínimo.
  



  


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