Sunday, November 06, 2011


      Porque a dormir o tempo parece passar depressa, vai para a cama cedo. Logo depois do jantar. Avisa as manas e os manos que  partilham o quarto com ela para não a acordarem quando se forem deitar. Amanhã é um dia importante. É o seu primeiro encontro. Não combinou a hora mas a seguir ao pequeno almoço parece razoável. Como se houvesse razoabilidade no amor. Adormece a pensar nele.  Acorda com o mesmo pensamento. Pelo meio, sonha com ele. O coração tem destas coisas. Levanta-se a cantarolar, toma um duche rápido, ignora o pão com manteiga e deixa o café com leite a meio. Tal a urgência de sair. Tal a urgência de chegar.
      No largo do coreto, não há vivalma à excepção de dois taxistas e um velhote que passa. Vai até o banco da ponta de lá e fica à espreita, de pescoço esticado. Passam quinze minutos. Uma eternidade, portanto. Já impaciente, vê ao fundo o irmão dele mais novo. Vem a correr. Vem de papelinho na mão. “Estou no beco á tua espera.”, diz o recado que traz um erro ortográfico e dois corações rabiscados, um sobreposto no outro. E se as pulsações dela estavam já aceleradas, agora então seguem velozes. Ao ritmo da corrida para os lados dele. Ao alcançar o beco, dá com o Kadhafi a meio caminho. Sente-se estranha. As pernas tremem-lhe tanto que receia andar de forma ridícula. Ele sente o mesmo. O mesmo receio. O mesmo tremor. A mesma velocidade nas pulsações. Porque a descoberta do amor é um decalque. Já perto um do outro sorriem tímidos, apaixonados, felizes. E o momento pede um beijo. O primeiro beijo dela. O primeiro beijo dele. Uma explosão de emoções. O calor no rosto. O arrepio na nuca. A náusea no estômago. E a vontade de ficar assim. Para sempre.


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