Wednesday, November 30, 2011


Têm sido dias difíceis para Maria do Mar. Não sai de casa há quase duas semanas. Apesar da insistência da mãe para retornar às aulas. Incrédula com a separação e ainda com as feridas em carne viva não quer ver ninguém. Não quer explicar aquilo que nem ela compreende. Sabe que a curiosidade das pessoas não se faz de rogada. Que as perguntas e, pior, as opinões hão-de surgir mesmo contra a sua vontade. Não quer ser alvo da conversa alheia. Quer menos ainda reencontrar o António ou vê-lo com a nova namorada. Mas se, por um lado, a ideia a repugna, por outro, é imensa a vontade de ver como ela é. Curiosidade de gaja. E aqui não há qualquer espécie de auto-comiseração. A ideia é mesmo saber quem é a outra, identificar-lhe os defeitos e, no fim de contas, concluir que não vale grande coisa. O processo é meio caminho andado para esquecer o sujeito de tal escolha. 
Por isso e porque a vida continua, Maria do Mar acorda decidida a ir às aulas. Afinal, perdeu o namorado mas não vai perder o ano. Isso é que nem pensar. Eugénia, a mana mais velha, está a ser uma das alavancas da sua auto-estima. Entre conselheira e ouvinte atenta, é um pouco de tudo. Hoje até lhe emprestou um vestido curtinho de cores garridas para levar à escola. É uma aliada e pêras. Como, aliás, toda a família. Porque os garanhões podem não trocar muitos beijos, abraços ou palavras doces mas promovem o carinho, a cumplicidade e o bem estar entre eles.

2 comments:

The Chocolat said...

É sempre bom passar por aqui e ver o desenrolar desta "historia"

*

gracices said...

É sempre bom passar por aqui e ver um comentário como o teu. Obrigada Raquel. Beijinho