Thursday, November 17, 2011

      Maria do Mar está de volta à escola. Decide quase por arrastamento. A motivação é lírica: estar mais perto do amor. António vai estudar em regime pós-laboral por insistência da irmã. Lúcia é secretária de direcção num organismo público. Quando o pai desaparece (o sentido é  literal visto nunca mais ter aparecido e ninguém saber que destino levou), começa a trabalhar como empregada interna na casa de uma abastada família de médicos. Não há anjo da guarda que a poupe da responsabilidade do sustento familiar. A mãe, iletrada e de coração esmigalhado, é incapaz de o fazer. Cabe então à primogénita, na altura com dezasseis anos, assumir as rédeas. Não é pêra doce mas faz do contratempo uma oportunidade. Com o incentivo dos patrões - e porque tem  planos de vida menos limitados - inscreve-se nas unidades capitalizáveis e conclui o liceu. Hoje é apontada como a betinha do sítio e prepara-se para alugar um apartamento xptz no Funchal a meias com o namorado. Não quer sair, no entanto, sem deixar a casa arrumada. Que é como quem diz, encarrilhar o irmão. Há anos que usa de fortes argumentos para o convencer. Consegue finalmente. As despesas são por conta dela até Kadhafi ter uma idade mais empregável. Fica então decidido. O casalinho de chavelhas retoma os estudos. Vão juntos, frequentam a mesma classe e voltam juntos no penúltimo autocarro. Maria do Mar estranha a responsabilidade e a falta de tempo e liberdade para cirandar pela rua. Ela não sabe mas a seu tempo saberá, são menos os custos que os benefícios do novo desafio.



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